Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Valentine

um blog indefinido e mesclado como só ele sabe ser

Refém da ditadura dos ecrãs

 

Career-Contessa-Aliza-Licht-SS01.jpeg

 (Troquei o Valentine por esta senhora e este livro. Ler este pedacinho de céu é como ter uma irmã mais velha a guiar-me na jornada do mundo do trabalho, principalmente no que diz respeito à gestão de redes sociais. Aliza Licht, google it!)

 

  Esta é a única razão pela qual me ausentei do Valentine: estou completamente refém da ditadura dos ecrãs. Trabalho o dia inteiro com 2 monitores, mais o telemóvel. Chega às 4 da tarde e já eu não me aguento com a dor de cabeça que este ofício traz. Não é por falta de conteúdo, a minha vida mudou tanto em tão poucos dias que ainda me sinto meio atordoada, mas acima de tudo feliz. Só que chego a casa e a última coisa que me apetece fazer é abrir o computador. Tenho-me refugiado nos livros, tem sido esse o meu detox ao final do dia. Dito isto, não se preocupem, eu estou viva, simplesmente a tentar fugir de qualquer contacto com um computador dentro de casa. 

Sou uma criança mal-habituada

 

 

 

  Em 2013, mudei-me para Lisboa e fui viver sozinha pela primeira vez. Era um T4 espaçoso, bem colocado, partilhado com mais 3 amigos meus. Na faculdade ouvia os meus colegas a queixarem-se de colegas de casa com maus hábitos, senhorios picuinhas, intromissivos, e eu não me identificava com estes problemas de quem estava a viver sozinho pela primeira vez. A única vez que vi o meu senhorio foi no dia em que aluguei a casa, os restantes contactos deram-se por telefone e nunca me faltou nada em casa. 

  Em 2018, volto a mudar-me para Lisboa e vou viver para um quarto, com acesso partilhado às restantes utilidades. Já rejeitei um quarto por achar que o senhorio era demasiado presente na vida de quem vivesse naquela casa, e, quando o fiz, conclui que estou mal-habituada. Eliminei da minha lista um quarto perfeitamente habitável, numa casa agradável, simplesmente pelo facto que aquele senhorio não seria ausente e permissivo como o que tive na primeira experiência. 

  Vou ter de redefinir as minhas prioridades e habituar-me à ideia que vou partilhar casa com pessoas que não conheço, dentro das condições que o senhorio bem entender. Bah, isto de "adulting" é uma seca. 

 

Parece sempre que é a primeira vez

destaque.PNG

 Após quase 2 anos de ausência, volto ao Valentine e, em meia dúzia de posts sobre a minha angústia, acontece isto. Já não é a primeira vez, mas fico sempre contente, tal e qual criança no corredor dos brinquedos do Continente na época natalícia. Obrigada Blogs Sapo, por seres a plataforma maravilhosa onde eu despejo os meus devaneios há quase uma década e nunca me desiludires!

Eu e a Zadie

 

 

  Comprei o NW da Zadie Smith no verão de 2016. Agarrei-me a ele com unhas e dentes depois de ter visto tantas críticas positivas. Toda a pessoa que era pessoa no mundo da crítica literária tinha uma boa opinião acerca deste livro, já para não falar do hype que teve por parte de uma pessoa em cujo gosto literário eu confio como se a minha vida dependesse disso. 

  Li 30 páginas e parei. Fiquei desiludida, estava à espera de uma obra prima e aquilo parecia-me só confuso. Frases curtas, estrangeirismos sem nexo, coisas que só quem é familiar com aquela zona de Inglaterra consegue entender. Acabou por ficar até este ano na prateleira a ganhar pó.

  Todas as vezes que me apetecia ler algo diferente pensava em dar-lhe uma segunda oportunidade mas desistia sempre da ideia. Até que na semana passada joguei-lhe a mão novamente e li 50 páginas de uma assentada. Afinal, sempre consigo perceber as maravilhas que diziam dele! Dei por mim a sublinhar frase atrás de frase, em alguns casos, parágrafos completos. Ler NW para mim é um sufoco, porque eu quero mais, desenvencilhar a história toda, entranhar-me na história daquelas pessoas, mas não consigo ler tão rápido quanto queria. É exactamente o mesmo sentimento que quando faço um teste para o qual sei todas as respostas, mas não consigo escrever tanto quanto queria. 

  Depois de ter levado 2 anos a amaldiçoar-te, Zadie Smith, obrigada por me teres tirado do reading slump horrendo que se arrasta por estas zonas. 

Como resolver 1 problema e ficar com mais 20

 

 

 

  Vamos todos respirar de alívio: Habemus estágio! Sim, as minhas preces foram finalmente atendidas, e, quando digo preces, leia-se tentativas desesperadas de contacto para tudo o que se assemelhasse a algo que eu me vejo a fazer em estágio. Vou voltar a Lisboa desta vez num contexto profissional. Se estou preparada? Não, credo, estou mega assustada, com direito ao menu completo de suores frios e crises de ansiedade, mas o que tem de ser, tem muita força. Agora vem o problema de arranjar quarto, tratar do passe (e eu na minha inocência julgando que nunca mais teria de entrar em contacto com a Carris), preparar-me para um mundo completamente diferente do descanso que foi a universidade e tantos outros. Os dois anos que desperdicei numa licenciatura na qual não me enquadrava pesavam-me muito, mas, neste momento, estou ligeiramente grata por eles. Nunca na vida teria estofo emocional para isto nos meus singelos 20 anos. Agora é pegar na trouxa e rumar ao futuro. Na minha cabeça só ecoam clichés, mas porra, que bom é finalmente ter um propósito palpável, mesmo ali à minha frente.