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Valentine

um blog indefinido e mesclado como só ele sabe ser

Acabar 2015 com uma dica

  Malta da era do Harry Potter, completamente apaixonado pela J.K. Rowling, tenho uma boa notícia para os mais despassarados: ela continua a escrever, só que utiliza o nome de Robert Galbraith e inventou um detective. 

  Só em 2015, tive a honra de ler 2 livros, tendo em conta que estou a acabar o 2º, e, digo-vos, ela é mesmo do caraças. Parem tudo o que estão a fazer e vão comprar os livros do Robert Galbraith! Há traduzidos e tudo. 

Um amor piroso

 

 

  Ela ansiava por um amor piroso. Do mais lamechas e cliché possível. Porque, afinal de contas, o que é o amor se não a definição de pirosice? Ela queria beijos roubados numa esquina, bilhetes que dissessem "tem um bom dia, gosto muito de ti" colados no frigorífico, um coração desenhado no espelho embaciado do seu duche.

  Ela nada mais pedia que alguém que quisesse gritar ao mundo o quão boa era a sua companhia. Um telemóvel cheio de selfies dos dois, sérios, a sorrir, a fazer caretas, apaixonados que nem palermas. Ela esperava por alguém que lhe desse a mão na rua, que a surpreendesse, a puxasse e a olhasse nos olhos. "Sou realmente sortudo por te ter", diria ele, antes de a beijar ternamente. Ela procurava um companheiro de karaoke no supermercado, simplesmente porque estava a dar aquela música específica, ignorando os olhares dos restantes clientes.

  Alguém que visse os pequenos pormenores das coisas e prestasse atenção, que lhes soubesse dar valor. "O chão está a arder" e ele pulava imediatamente para cima do sofá, sem pensar duas vezes, porque ele sabia que nem tudo na vida era para ser levado a sério e as brincadeiras de criança nunca deviam acabar. Ela queria olhar para alguém demoradamente, enquanto um pequeno sorriso lhe brotava na face, "onde é que eu fui encontrar alguém como tu?".

  Ele ia ser a pessoa a quem ela ia dedicar todo o seu carinho e afecto, a coisa mais preciosa do seu mundo, ela ia tratá-lo e mimá-lo com a maior das estimas. Ao seu lado, nada lhe faltaria e a única definição presente no seu dicionário iria ser a de "felicidade extrema e absoluta".

  Ela não tinha um amor piroso. Ainda não. Mas o pensamento de que ele andava por aí algures, à sua espera numa esquina para lhe roubar um beijo, ou a arrancar flores d'um canteiro para lhe dar, aconchegava-lhe o coração antes de adormecer.

Bem-Me-Leve

  Hoje li um texto que dizia que só tinhamos uma oportunidade de nos apaixonarmos com o coração ainda intacto. E isso fez-me pensar no quão verdade isso é.

  Lembro-me bem de como foi apaixonar-me pela primeira vez. Foi descobrir sentimentos que eu nunca pensei que existissem, mandar-me de cabeça para um abismo do qual não sabia nada, mas eu não me preocupei. Tinha a certeza que todas as borboletas que voavam incessantemente no meu estômago me levariam a bom porto. Não havia como pensar num final que não fosse o felizes para sempre. Afinal de contas, essa era a única certeza que eu tinha sobre o amor, que todas as histórias acabavam felizes para sempre.

  Mas depois, tudo caiu e o abismo era mais fundo do que eu pensava. Caí no fundo e percebi que havia mais no mundo que o final das histórias que eu lia. De repente, as borboletas tinham voado sem mim e eu estava sozinha, envolvida no frio de um coração partido. Não se comparava às tristezas que havia sentido antes, ao lado desta, pareciam-me todas meras balelas insignificantes. Foi perceber o verdadeiro tamanho de tristeza e o que ela nos pode fazer.

  Ler aquele texto hoje fez-me pensar. Chego à conclusão de que dava tudo para me apaixonar outra vez com um coração limpo. Um coração que não tivesse medo do fundo do abismo, nem receio que o final pudesse ser algo que não feliz. Não há amor como o primeiro e eu estou cansada de me apaixonar com um coração sofrido.